sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Lamentando as cebolas...

“Aconteceu que o povo começou a queixar-se das suas dificuldades aos ouvidos do Senhor. (...) Nós nos lembramos dos peixes que comíamos de graça no Egito, e também dos pepinos, das melancias, dos alhos porós e das cebolas... mas agora perdemos o apetite; nunca vemos nada, a não ser este maná!” Números 11:1a,5-6.

Quando era adolescente e lia sobre o povo de Israel e sua peregrinação no deserto, olhava para eles com ar de superioridade. Pensava com meus botões: “Que povinho mais sem noção. Deus acabou de abrir o mar vermelho e eles já estão sem acreditar. Deus acabou de prover água e eles já estão reclamando. Povinho ingrato e teimoso”.
Aí cresci e me vi lamentando pelas cebolas do Egito, me vi reclamando do maná. Vi-me orando para ter um trabalho e depois achando ruim o tanto de atividades que estava tendo. Pedi por pequenos milagres, que desprezei ao receber. Aquele povinho me representava. Eu, assim como eles, também tinha meus momentos de murmuração, de birra e de incredulidade.
Esses dias tenho meditado sobre o poder da gratidão. Terminando de ler o livro “Surpreendida pela glória” escrito por Sharon Jaynes, que me foi presenteado amigavelmente por uma irmã querida, aprendi que a gratidão é o melhor remédio contra a ansiedade, é “a linguagem de amor de Deus que nos capacita a nos comunicar intimamente com ele”. 
Se pensarmos bem,  Adão e Eva foram tentados por Satanás, que achou uma brecha infalível: a ingratidão. Eles cobiçaram a única coisa que Deus os proibiu de comer; mostraram então, que não eram gratos pelo que tinham, queriam mais. O imenso jardim que tinham não era o bastante, porque é só a gratidão que transforma o que temos em suficiente.
Outra curiosidade sobre a ingratidão é que ela é contagiosa. Quando ficamos perto de alguém murmurador, sentimos que nossas energias são sugadas e que nossa vida não é boa quanto achávamos. O salmista Davi sabia bem disso, por isso afirma: “Bendize ó minha alma ao Senhor e tudo o que há em mim bendiga seu santo Nome”. Ele coloca os verbos no imperativo. Dá uma ordem à sua alma. Talvez porque ele sabia que tudo o que ela queria era reclamar e chorar a mágoa. Davi sabia que a gratidão nos faz ser satisfeitos por Deus e por nada além dEle.
Parece ser fácil ser grato, mas não é. Nem sempre conseguimos brincar do meigo “Jogo do Contente” (como no livro “Pollyana”). Quando estamos mergulhados na dor de andarmos no deserto é difícil desfrutar do maná. Quando há muita dor no nosso passado, é difícil olhar com esperança para o futuro e a gratidão hesita antes de se instalar pelo fantasma do medo de que tudo, daqui a pouco, se complique e volte a ser como antes. Depois de 40 dias de cama é complicado celebrar um dia de pé com a insegurança do amanhã.
As vezes é difícil celebrar pequenas vitórias quando a dor está ali lembrando que falta muito a ser vencido para comemorar. A Sharon Jaynes nos recomenda a fazer um “diário de gratidão” ou um diário dos vislumbres de glória (acho que essa vai ser nossa próxima reflexão). Enfim, tenho feito esse exercício. Escrito cada pequena vitória do dia, cada motivo que tenho para celebrar: “Hoje fiz meu percurso de caminhada em 30 minutos no lugar de 35, senti menos dor, comi uma sobremesa gostosa, todos amaram minha comida, aprendi uma música nova no piano, um aluno elogiou minha aula” e por aí vai.
Fiz uma parede da gratidão em minha casa com fotos de momentos e pessoas especiais. Portanto, quando me vejo pensando nas cebolas no Egito, lembro de onde Ele me tirou e pra onde vai me levar.
Seja grato! A gratidão é cura para o corpo e para a alma. Nos faz ver a vida com outros olhos e nos permite chegar em Canaã. 


segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Baby steps


“Não vê Ele os meus caminhos, e não considera cada um dos meus passos?” Jó 31:4

A coisa mais difícil para a maioria de nós é dar um passo de cada vez. Quando a gente chega ao pé da escada olha logo para o topo dela e não para o próximo degrau. Um grave erro. Nós cansamos antes mesmo de dar o primeiro passo. Iniciamos uma faculdade e já nos pegamos pensando na formatura. Iniciamos um relacionamento e já sonhamos com o casamento, e por aí vai.
Gosto da expressão em inglês “Baby steps”. Significa “Passos de bebê”. Nos lembra dos pequenos passos que damos quando estamos aprendendo a andar. Passos atrapalhados, desequilibrados, inseguros, mas que, se seguirem persistentes e perseverantes conquistam o dia em que, mesmo sem percebermos, alcançamos uma marcha automatizada e firme seguida de uma corrida e aplausos.
Já me peguei muitas vezes sem querer começar um projeto só porque não podia terminá-lo logo, ou seja, não plantei as sementes só porque não podia comer rapidamente do fruto. Me vi ansiosa por planos que acabara de iniciar e a ansiedade vinha pela minha tentativa de prever o futuro, controlar todas as variáveis, saber como iria acabar.
Dizem que a agricultura é a arte de saber esperar. Isso é uma verdade! Toda árvore, por maior que seja começa como uma pequena semente. 
Quando dividimos um grande projeto em pequenas partes e nos concentramos em uma parte por vez fica mais fácil chegar ao destino final. Isso nos ajuda a manter o foco, não perder a perspectiva.

Dar um passo de cada vez e olhar apenas o próximo degrau nos ajuda a não ficarmos ansiosos e a realizar mais. No fim, não sabemos qual será o último passo, apenas qual será o seguinte. Quando o topo da escada parecer muito longe diga para si mesmo: baby steps! Baby steps!


quarta-feira, 29 de junho de 2016

Tu és o Deus que me vê

“Este foi o nome que ela deu ao Senhor que lhe havia falado: ‘Tu és o Deus que me vê’, pois dissera: ‘Teria eu visto Aquele que me vê?’ ”    Gênesis 16:13.

         Esse trecho da Bíblia se refere ao encontro de Agar com Deus. Ela estava grávida, humilhada, sozinha e totalmente desesperada e, apesar de não ser inocente na história, havia algumas variáveis que a levaram até ali. No meio do deserto, sedenta, esperando a morte chegar, teve um encontro que mudaria sua vida para sempre, uma Teofania. O Deus de Israel prometeu a ela cuidado e restauração e Agar O chama de El Rói – “AquEle que me vê”.
         Agar era escrava, não estava acostumada a ser vista, nem a ter a sua vontade considerada. Ela era apenas propriedade de alguém, no entanto o próprio Senhor a contemplava em meio a sequidão e a dor.
Não sei você, mas acho maravilhoso o fato do Criador de todo o universo, o dono de todas as coisas, dignar-se a olhar para mim. Embora eu seja insignificante, um grão de areia em meio a sua perfeita criação, Ele se inclina para ouvir o meu clamor. Graça sobre graça é o que recebemos.
Nesse encontro, não só aprendemos que somos vistos, mas como somos vistos. O olhar de Deus nos traz esperança. Nesse encontro Ele prometeu um futuro para Agar e para seu filho Ismael, prometeu-lhes uma descendência. Assim também faz conosco. Seu olhar é transformaDOR. Muda nossa sorte e nos transforma de dentro para fora. Não nos trata ‘conforme a nossa iniquidade’.
Tenho percebido que a dor e a frustração nos fazem parar de ver, não apenas uma perspectiva, mas também mexe no nosso senso identitário. Nos perdemos de nós mesmos. Os espelhos nos quais antes nos mirávamos somem ou nos apresentam uma imagem distorcida.
Um psicanalista inglês chamado Winnicott nos diz que o ‘Rosto’ materno, o olhar da mãe para o bebê é o que o torna quem é. Nos enxergamos pelo olhar do Outro. Aquele primeiro Outro (a mãe) diz quem eu sou. Interessante, não é?! El Rói quando nos olha, além de nos mostrar quem somos, também nos cura, mudando o que necessita ser mudado.
Seu olhar de amor imenso nos faz crer no impossível e ver o invisível. Nos permite acreditar em quem nós somos quando sua Vida habita em nós, fazendo brotar água viva do nosso interior.
Quando você se sentir como Agar, humilhada, triste, injustiçada, desesperada no deserto, sem saber quem você é ou para onde vai, olhe para cima. Veja aquEle que te vê. Seu olhar sobre você é diferenciado, não importa quem você seja. Ele te ajudará a fazer o caminho de volta, te levará em seus braços aos pastos verdejantes. 
                                                                                                                                                                                                             

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Ele continua sendo bom! Ele continua sendo Deus!


“Não só isso, mas também nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz perseverança; a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado, esperança. E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu”. Romanos 5:3-5

Tenho visto uma tendência cada vez mais comum se disseminando no meio do povo de Deus; uma confusão entre ter esperança nEle e ter esperança que meu desejo se realize, exercendo o ‘pensamento positivo’.
A grande diferença entre as duas posturas é que a primeira confia no Criador e, a outra, nas coisas criadas. Me explico. Ter esperança em Cristo é confiar em sua vontade soberana mesmo quando ela não é, nem de longe, aquilo que você quer. É confiar em um Deus por vezes criaDOR, mas que não deixa de ser restauraDOR. Essa é a esperança que nunca decepciona.   
A outra esperança significa gerar expectativa que as coisas acontecerão como almejo, mesmo que as circunstâncias pareçam contrárias.  Não estou condenando quem crê assim, mas não é dessa esperança que a Bíblia fala.
Vejo diariamente muitas pessoas perdendo a fé no Pai quando a DOR é grande, quando o sofrimento não cessa, quando há perdas, frustrações e a história não tem o final feliz que foi idealizado.
Parece ser confuso na teoria, mas na prática não o é. A confiança no amor do Senhor é tão grande que, apesar de qualquer coisa, você continua crendo que Ele é bom, que Ele não deixou seu trono, o seu controle soberano, que Ele não faz nada com a intenção de nos machucar. A certeza de que a sua suficiência nos preenche, apesar da tristeza, da solidão, da angústia e das confusões inerentes a quem vive numa terra estrangeira e eminentemente desértica. Assim, vive-se da certeza que você é criatura e que não merece nada além da sua graça, a qual, de graça Ele te dá.
Essa segunda forma de se ter esperança pode transformar rapidamente determinação em obstinação. Ah, como é fácil se confundir. Como é enganoso o coração. A obstinação cega, não é agradável aos olhos de Deus, traz fadiga e improdutividade. A verdadeira esperança traz vida, consolo, reinvenção, reinserção, cura. Cristo é a nossa esperança. Ele nunca nos decepciona, mesmo que tudo saia diferente do planejado e sonhado.
 Apesar dos pesares, não esqueçamos que Ele continua sendo bom, Ele continua sendo Deus. A Ele toda a glória e nEle toda a minha esperança!  



domingo, 8 de maio de 2016

Como não ser mãe...

“A sanguessuga tem duas filhas: Dá e Dá. Estas três coisas nunca se fartam; e com a quarta, nunca dizem: Basta! A sepultura; a madre estéril; a terra que não se farta de água; e o fogo; nunca dizem: Basta!” Provérbios 30:15,16.

A endometriose somada a trombofilia me deixou uma herança: fiquei com sérias dificuldades em engravidar e em manter a gravidez sem riscos significativos para mim e para o bebê. O meu futuro está nas mãos de Deus. Ele detém a verdade sobre mim e nEle está o meu valor, mas hoje no dia das mães, não tive como não pensar no fato de não ser mãe. Ainda mais porque tenho duas mães incríveis e gostaria de passar tudo o que recebi.  

A maioria das pessoas quando sabem da minha história tentam me consolar. Contam sobre milagres, sobre a prima da vizinha que não podia e engravidou, falam sobre adoção, mas ninguém me diz como não ser mãe. Não posso viver o dia de hoje esperando ser mãe, mesmo que esse seja meu sonho, preciso existir e encontrar a paz e a felicidade mesmo antes disso. É fato que a maternidade é algo incomparável e engrandecedor, mas creio que a sociedade, de uma forma geral, reduz o seu conceito. Exercer a maternidade é gerar, passar o bastão, reproduzir valores, tocar uma vida, fazer parte, percorrer o caminho do altruísmo e do sacrifício. Isso pouco depende do formato.

Embora não seja mãe, nunca me senti infértil, pois dentro de mim habita A Vida e sou em potencial uma geradora de vida, uma multiplicadora. O fato é que estou aprendendo a não ser mãe ou, quem sabe, posso dizer que exercito a maternidade em seu sentido mais amplo e essencial, mas não pleno, esperando o dia em que talvez Deus me conceda esse milagre. Como diz o ditado: “Só há uma coisa mais difícil do que ser mãe, é não ser mãe” e nessa situação, eventualmente, caio na escuridão das impossibilidades.






quinta-feira, 28 de abril de 2016

A síndrome do irmão mais velho: sobre justiça própria

"O filho mais velho encheu-se de ira, e não quis entrar. Então seu pai saiu e insistiu com ele. Mas ele respondeu ao seu pai: Olha, todos esses anos tenho trabalhado como um escravo ao teu serviço e nunca desobedeci às tuas ordens. Mas tu nunca me deste nem um cabrito para eu festejar com os meus amigos. Mas quando volta para casa este teu filho, que esbanjou os teus bens com as prostitutas, matas o novilho gordo para ele! Disse o pai: Meu filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que tenho é teu. Mas nós tínhamos que comemorar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi achado". Lucas 15:28-32
        
       O texto do filho pródigo é um dos mais conhecidos da Bíblia. Ele é bastante pregado com o objetivo de refletir sobre a graça de Deus, o arrependimento, restauração, dentre outras aplicações. O irmão mais novo, geralmente é o centro das atenções, mas há algum tempo venho pensando na participação especial feita pelo irmão mais velho. Ele não tem muito destaque, aparece no finalzinho da história e sua postura é meio que inesperada. Ele faz beicinho, fica zangado e se sente injustiçado diante da atitude do pai em relação ao filho pródigo. 
     As vezes sentimos, pensamos e fazemos coisas que não nomeamos corretamente. Racionalizamos nosso atos e não damos nomes aos bois. O filho mais velho estava cheio de justiça própria. Ele fazia tudo certo, era obediente e por isso se achava digno de receber mais de seu pai do que seu irmão desobediente. Quantas vezes vi em mim e naqueles ao meu redor essa mesma postura. A menina solteira que se guarda e espera há muito tempo por um marido, fica mal quando a recém convertida, “ex-mundana” encontra seu par. A irmã que casou virgem se sente injustiçada porque não pode ter filhos e vê outras mulheres gerando vida mesmo sem quererem e sem saber direito quem é o pai. O rapaz que serve na igreja e trabalha duro vê outros conquistando o emprego. Muitas vezes não é porque estamos barganhando com Deus, mas porque achamos que fizemos por merecer. A questão é que a graça de Deus não funciona com crédito, nem com débito. É sempre favor imerecido, sempre bondade do pai. Ele não nos dá “certas coisas”, Ele sussurra em nosso ouvido: Tudo o que eu tenho é teu. Eu sou teu tesouro, tua porção e tua herança. 
       A grande verdade é que a única coisa merecida por nós é a morte e o inferno não importa o que façamos ou sejamos. Só a graça nos coloca em outra posição, só ela nos faz ter lugar à mesa do Pai. Que a cada dia deixemos a justiça própria e o engano que nos faz crer que Ele nos deve algo. Não importa o que façamos, ainda seremos devedores. Se tivermos tudo e não tivermos Ele, não teremos nada. Se tivermos nada e o tivermos, então teremos tudo. Essa é a simples verdade do Evangelho que não se propõe a extremismos. De um lado, a libertinagem e de outro a obediência religiosa, atrelada a motivações erradas e que preza mais pelo “reino” do que pelo ‘Rei’. Cuidado! A justiça própria pode ser uma armadilha horrível que nos faz perder o melhor da festa e nos distanciarmos do Pai e de nosso irmãos.


segunda-feira, 11 de abril de 2016

Tenha calma, você ainda não chegou em casa!

“Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Porque, os que isto dizem, claramente mostram que buscam uma pátria. E se, na verdade, se lembrassem daquela de onde haviam saído, teriam oportunidade de tornar. Mas agora desejam uma melhor, isto é, a celestial. Por isso também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade”. 
Hebreus 11:13-16


     Essa semana fiz uma série de ressonâncias magnéticas. Enquanto me preparavam para o exame (fixaram placas por todo o meu corpo para me imobilizar) avisaram-me que ia demorar bastante. De fato, fiquei uma hora e quarenta minutos na máquina. Fui me preparando para sentir dor porque já não estava bem e sabia que o tempo imobilizada iria piorar minha situação. Aí olhei para cima e vi no teto um céu com coqueiros como em cenário de praia. Lembrei da minha terra, Natal! Ah, aqui em Curitiba, a saudade tornou-se minha companheira incansável. Para me acalmar e aguentar um tempo considerável apertada dentro de um “túnel” pensei na minha terrinha, daí comecei a orar e louvar mentalmente e lembrei do meu lar celestial, lembrei de um dos meus textos favoritos, este que citei acima.
         Em meio a lista dos heróis da fé, o autor de Hebreus nos conta que eles não receberam a promessa – Jesus. Que Deus os preparou uma pátria e que não se envergonhava de ser chamado de seu Deus porque eles aqui viviam como peregrinos e forasteiros, como cidadãos do céu. Viviam uma outra cultura, afinal, o Reino de Deus tem uma cultura própria. Como é difícil ser estrangeiro. Nada nos é familiar. Ao mesmo tempo como é bom saber que aqui não é nossa casa, não precisamos nos preocupar demais. Isso é libertador, nos dá esperança, nos sustenta diante de um corpo que não responde como deveria, diante das perdas, das tentações, do pecado, dos fracassos; diminui nossa ansiedade; nos dá sentido e propósito. Como nos ensina C. S Lewis: "Se você tem um vazio que nada nesse mundo pode preencher, essa é a prova de que você foi feito para viver em outro mundo".  
         Muitos de nós vivemos esperando pela eternidade, com olhos no futuro enquanto ela já se faz presente por meio de uma vida nova em Cristo Jesus. "E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" João 17:3. Nas palavras do cantor Leonardo Gonçalves em sua música Sublime: "Sou estrangeiro e vou seguindo para o eterno lar enquanto eu espero o momento em que vou te encontrar. Sou estrangeiro, mas compreendo que o eterno lar começa no momento em que vivo para te encontrar".  
         Tudo isso me passou pela cabeça enquanto estava literalmente paralisada e com dor e dizia a mim mesma: Tenha calma Ana! Isso não resume sua vida e nem quem você é. Você ainda não chegou em casa. Ainda não viu nada do que Ele tem preparado para você. Portanto, continuemos olhando para o alvo e não deixemos nosso coração esquecer de que ainda não estamos no nosso lar. Viver aqui a eternidade nos faz ser livres e esperançosos. 


domingo, 3 de abril de 2016

Sobre formas de gelo e a arte de procrastinar

“O preguiçoso deseja e nada consegue, mas os desejos do diligente são amplamente satisfeitos” Provérbios 13:4. 



        Faz mais de uma semana que passo pelo meu escorredor de louça e vejo a forma de gelo vazia. Acho que o incômodo de enchê-la foi herdado da minha mãe, que passou a vida dizendo: “detesto fazer isso! Eu nem uso gelo nessa casa!! Alguém, por favor, encha esse troço pra mim!” Aí a pessoa aqui criou pavor em colocar água naqueles quadradinhos minúsculos e sair equilibrando pela casa para não pingar no chão. 
        Embora ingratas, as formas me inspiraram. Pensei na mania que temos em procrastinar. Talvez essa palavra não lhe seja familiar mais eu devo dizer que antes dos 6 anos sabia seu significado já que minha mãe me alertava para o meu nada doce hábito de empurrar as “coisas com a barriga”, adiar e deixar tudo para a última hora. 
        Bem, a definição do dicionário é: Adiar; deixar alguma coisa para depois; transferir a realização de alguma coisa para um outro momento; prorrogar para outro dia. O famoso “Amanhã eu faço” que se transforma em semanas, meses ou até em anos. Na verdade, não conheço ninguém que escape dessa palavra aterrorizante. Geralmente, preferimos deixar para amanhã o que podemos fazer hoje e aquilo que adiamos, por motivos diversos, vai se perdendo. Muitas vezes não somos necessariamente preguiçosos, mas tampouco somos diligentes. Então, acumulamos tarefas, nos pressionamos e só sentamos para colocar tudo em dia com a corda no pescoço, prejudicando até nossa saúde e aumentando os níveis de ansiedade. 
        O curioso é que deixamos para depois aquilo que realmente pode ser feito posteriormente. O problema é que o IMPREVISTO é algo certo nessa vida! Aí você, que passa meses sem usar gelo precisa com urgência e se depara com a forma vazia. No dia que você precisa entregar o trabalho acorda doente e não sai uma linha. Chegou o dia de usar aquele vestido de festa que há um ano atrás você prometeu a si mesma que mandaria apertar, mas a única costureira que você conhece não está mais fazendo ajustes. Assim vai... Não existe muita receita para não procrastinar. Necessita-se de uma mudança de mente sobre o assunto. Um nova mentalidade e um coração diligente. O primeiro passo é se reconhecer como um procrastina(dor). Acho que é disso que se trata. Tentamos adiar a dor ‘do ter que fazer agora’ e no final a experimentamos em dobro. 
       Isso acontece em questões subjetivas também. Adiamos o pedido de desculpa, a ajuda, a conversa difícil, a confissão de pecado e tudo aquilo que nos cause certa dor ou aborrecimento. No fundo odiamos sofrer. Queremos adiar isso a todo custo. Por isso somos todos procrastinadores. De uma forma ou de outra, colocamos pra frente a dor na tentativa de não nos depararmos com ela como num passe de mágica. Não adianta! A forma de gelo vai continuar vazia em um lugar que não lhe pertence. A sua forma, não é?! Porque a minha já está cheia e no freezer!

quinta-feira, 24 de março de 2016

Quando as coisas não acontecem como esperamos


“E disse a mulher: "Acaso eu te pedi um filho, meu senhor? Não te disse para não me dar falsas esperanças?”” II Reis 4:28


Antes de casar tive o privilégio de ser acompanhada por uma mulher sábia e sensata. Em meio as minhas ansiedades e indagações, sentimentos comuns nessa fase da vida, recebi um conselho que levo muito a sério até hoje. Com voz mansa, tia Lu me disse: Não crie expectativas, apenas espere o que Deus tem guardado pra você.
Assim eu me esforcei por fazer, até hoje, não apenas no casamento, mas em todas as áreas da minha vida e percebo como essa postura faz diferença. Costumamos ter expectativas sobre tudo não é?! Estamos jovens e sonhamos com o primeiro emprego; solteiras e ansiamos casar; casadas e esperando o primeiro filho, o segundo, um melhor apartamento e assim vai.  Expectativas a todo momento e ideais de como isso vai encher nossas vidas. Mas como não criar expectativas? De alguma forma elas nos impulsionam, nos fazem seguir em frente. O problema é que o ideal e o real quase sempre estão muito distantes. Existe um “abismo entre pensar e sentir”; entre planejar e realizar.
O marido não é tão romântico, os filhos são mais trabalhosos do que você esperava, o trabalho é chato e pouco compensador, os irmãos da igreja não são tão amorosos e atenciosos.
Não sei você, mas na minha vida poucas coisas saíram conforme o planejado ou de acordo com as minhas expectativas exigentes, perfeccionistas e metódicas, por isso o conselho foi tão sábio e minhas tentativas em cumpri-lo sempre me trazem bons resultados. Quando não nos preocupamos com “como” as coisas serão, podemos aproveitá-las melhor do jeito que são. Curtir as surpresas e driblar os imprevistos.
         A grande questão não é ter ou não ter expectativas, mas como lidar com elas quando são frustradas. Como descansar e esperar o que Deus tem para mim? A  Bíblia nos conta a história da mulher sunamita. Eu amo demais a história dessa mulher. Sou fã! Ela nos ensina e tem tantas aplicações para nossas vidas.
         Se você não lembra bem da narrativa, vou resumir. A sunamita era uma mulher hospitaleira e temente a Deus. Vendo as necessidades do profeta Eliseu resolveu construir um cantinho para ele ficar sempre que passasse pela sua cidade. O homem de Deus percebendo sua generosidade decidiu retribuir -lhe dando o que ainda faltava em sua vida, embora ela tenha dito que não precisava de coisa alguma.
         A sunamita ganhou o maior presente que já havia recebido: um filho. Um dia esse menino já maiorzinho teve uma dor de cabeça e faleceu. A mulher corre, deixa o menino na cama do profeta e segue ao encontro dele para indagar o porquê da falsa esperança, o porquê deu-lhe o gosto da maternidade e depois tirou. Eliseu voltou a cidade, ressuscitou a criança e devolveu-a a mãe. Então, como essa história responde a nossa pergunta? Com os detalhes.
Aquela mulher aprendeu a esperar em Deus. Isso é maior e melhor do que esperar de Deus. “Não mintas (iludas) para tua serva” (II Reis 4:16) , ou seja, ela estava dizendo que não tinha expectativas, que servia ao profeta e a Deus, não pelo que eles tinham para dar. Assim, Deus a surpreendeu. Como é bom se deixar surpreender pelo Pai. Isso só acontece se deixarmos de lado nossas próprias e altas expectativas.
Principalmente quando, fazemos tudo certinho, quando somos obedientes, pensamos, ás vezes, que Deus tem obrigação de fazer do jeito que esperamos. Esse engano nos leva a achar que as coisas são ruins apenas porque são diferentes daquilo que esperamos. Vemos só o ponto preto e esquecemos de todo o restante da folha branca. Essa mulher me dá um tapa na cara quando após a morte do seu filho, em seu momento de desespero afirma: “vai tudo bem” (II Reis 4:26). Ela se recusa a demonstrar sua dor a quem não pode ajudá-la. Apenas aos pés do profeta podemos chorar e sermos verdadeiramente consolados. A mulher sunamita nos ensina o que fazer quando as nossas expectativas são frustradas, quando perdemos, quando tudo falta.
Ponha seus sonhos, planos, ideais, expectativas e esperanças na cama do profeta e feche a porta.  Corra para os pés dele. Lá você vai encontrar abrigo e vida nova.     Aquela mulher tinha aprendido a não gerar altas expectativas, tinha aprendido a viver com o que tinha, a não olhar o que faltava. Com a perda do filho dela, viu todas as esperanças e expectativas ruírem, mas sabia exatamente o que fazer, onde procurar ajuda. Sempre lembro de uma fala de Kung Fu Panda (animação também é cultura). “O passado e o futuro não te pertencem. Tudo o que você tem é o hoje. Não é a toa que se chama presente”!!
         Viva a cada dia o que Deus tem guardado pra você. Confie! Certamente será surpreendente! Certamente tudo irá bem, mesmo que não pareça.


sexta-feira, 18 de março de 2016

Cárcere Privado



“No final da vida você gemerá, com sua carne e seu corpo desgastados” Provérbios 5:11.

         Se já é difícil passar pelo desgaste do corpo no fim da vida, imagine no início dela. Quem tem dor crônica como eu, por qualquer que seja a patologia, sabe bem do que estou falando. Minhas dores começaram aos dois anos. Na verdade, não sei o que é uma vida sem dor. Embora tenha meus bons momentos, a dor é minha companheira incansável. Às vezes me sinto como naqueles filmes onde a protagonista em coma se vê fora do corpo assistindo de camarote. É duro contemplar o desgaste, a impotência, as limitações, o cansaço.
Hoje levantei, como diz meu pai, com a força da mente. As pernas vacilantes e doloridas (aviso: esse adjetivo sofreu eufemismo). A sensação é que você vai cair a qualquer minuto, como uma fruta madura.  Tinha que fazer exames.
Me surpreendo ainda, mesmo depois de 30 anos, com a falta de sincronia entre meu corpo e minha mente. Acordo com várias idéias, pensamentos a mil, vontade de viver, de ganhar o mundo, mas aí, eventualmente, sou lançada na longa jornada de levantar e chegar até o banheiro. Parece que sou duas pessoas. Me sinto em um cárcere privado. Meu corpo me aprisiona, me atrasa, me empurra pra trás.
Tem algo que aprendi durante todos esses anos. Cada pessoa no mundo vive em seu próprio cárcere. Ele pode ser o corpo, a mente, as emoções, as relações, mas cada um de nós tem sua cota. Uma realidade não é melhor ou pior que a outra, é apenas sua, é privado.
Hoje na volta para casa estava tão cansada que não conseguia nem conversar (esse é meu esporte favorito). Algumas lágrimas escorriam pelo meu rosto na tentativa de dizer o indizível. Aí, percebo um carro a minha frente com duas pessoas que acenavam e buzinavam pra todo mundo que passava na rua. E os passantes acenavam de volta e abriam um sorriso maroto como quem pensavam: quem são essas doidas? Diante disso, enxuguei as lágrimas e dei uma boa gargalhada. Era meu momento de liberdade. Nada mudou, continuo presa, mas naquela hora, senti que podia voar.
Que em meio ao seu cárcere, você se sinta livre. Que a dor suma, mesmo que por segundos, nem que pra isso você tenha que esbarrar com as loucas dos acenos.


quarta-feira, 16 de março de 2016

Medo nosso de cada dia

“Porque aquilo que temia me sobreveio; e o que receava me aconteceu" Jó 3:25.

         Tenho pensado muito sobre o medo. Não sou daquelas pessoas que tem medo de coisas. Com exceção do pavor a baratas (até porque elas são seres malignos), não costumo elencar objetos ou seres que me apavorem. Meus receios são internos, subjetivos, não dá pra apontar, nem pegar, mas posso sentir.

Há alguns dias me vejo envolta por pesadelos, meus e de outros que tem sonhado comigo. Em um deles, eu estava presa a uma bomba que explodia antes mesmo do “cara mau” ativar o dispositivo. As pessoas ao redor afirmavam que eu, literalmente, me “mijei de medo” e isso havia ativado a bomba e me explodido antes do tempo. Conclusão final: O medo além de nos escravizar, nos mata antes da hora.

Assim, fiquei pensando sobre esse tema com a intenção de confrontar meus temores para não ser morta por eles. Quem tiver coragem para ver, percebe que o pavor é diário, está escondido e entranhado. Mas é medo de que? Por qual motivo?

Nas palavras da psicanalista Urania Tourinho, “a busca da felicidade acaba por se transformar, apenas, em um esforço para evitar a infelicidade”. Ah, é isso! Temos medo de ser infelizes. O problema é que assim como Jó, de tanto desejar não sermos infelizes, acabamos sendo. Reagimos ao medo antes que a coisa temida aconteça de fato. Sofremos por antecipação até que a bomba explode e nos mata com um golpe duro.

“A infelicidade pode ser experimentada com muita facilidade, pois padecemos permanentemente de três grandes ameaças de sofrimento: nosso próprio corpo, que nos envia sinais de alarme através da dor e da angústia devido a seu inevitável processo de envelhecimento; o mundo externo, que pode nos lançar ataques intensos e destruidores; e, finalmente, o desgosto decorrente de vínculos com os outros seres humanos, que de todos os males é o mais ingrato.” (Urania Tourinho). A questão é que o corpo, o ambiente e as relações são fontes inesgotáveis de prazer e de desgosto ao mesmo tempo e não podemos nos livrar deles.

A Bíblia nos promete uma solução para o medo. É um remédio diário que pouco a pouco faz efeito: revestirmo-nos do amor do nosso Deus. “No amor não há medo; pelo contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor” I João 4:18Que a cada dia sejamos aperfeiçoados no Amor e tenhamos menos medo.

quinta-feira, 10 de março de 2016

O primeiro dos medos


“E livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão” Hebreus 2:15.

 
O fato é que todos temos medo. Podemos elencar muitos tipos e tamanhos, mas no final, mesmo o menor deles nos lembra do medo primeiro, que é o medo da morte. Freud nos ensinou que somos os únicos seres vivos a termos consciência da morte e que o inconsciente não aceita um não como resposta, por consequência, não aceita bem o fato de que vamos morrer. Deve ser por isso que a ciência investe pesado nas fórmulas da juventude para retardar esse momento ou, pelo menos, nos iludir com essa impressão.  
      
      A grande questão é que por querermos viver uma vida longa e feliz ficamos cada vez mais aterrorizados com a ideia da morte e o problema é que o medo, ele mesmo, nos escraviza em vida. A psicanálise nos lembra que vivenciamos a morte todos os dias. Por isso nosso medo é diário. Não apenas medo da morte de entes queridos ou de nosso próprio fim, mas a morte manifestada em perdas. Medo de perder o viço e beleza da juventude, de perder os sonhos, a sanidade, a esperança. Temos medo até mesmo de ter nossos desejos atendidos e não saber mais para onde ir e pelo que lutar. Perder é morrer um pouco. Se frustrar também.
     
      A Bíblia nos fala de um Deus que se fez pequeno, se fez humano com a finalidade grandiosa de nos oferecer sua morte e também, sua ressurreição. A morte não o venceu. Ele teve medo, mas não se tornou escravo. Na sua vitória nos promete que se não tivermos medo da morte é nela que seremos libertos da escravidão e nela emergiremos em nova vida, eterna, livre e plena. 

Em sua morte e ressurreição ele nos liberta da escravidão do medo. “Qualquer que procurar salvar a sua vida, perdê-la-á, e qualquer que a perder, salvá-la-á” Lucas 17:33. Que morramos todos os dias Sua morte, para vivermos Sua vida. 

quarta-feira, 9 de março de 2016

The Grand Finale

"Quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá" (1 Coríntios 13:10).


          Quando eu era criança costumava ouvir extasiada as histórias bíblicas. Gostava daquelas que tinha um grande final feliz. Apreciava o rei Davi e sua trajetória sofrida até se tornar o maior rei que Israel já teve. Gostava de José que após anos sem entender o motivo de tanto sofrimento em sua vida tornou-se a segunda pessoa depois do faraó e salvou seu povo da morte. Gostava da história de Ester que havia perdido seus pais e passado tantas lutas, mas se tornou a rainha de um império, estando na hora certa e no lugar certo. Essas eram maravilhosas.

          Aos seis anos enquanto já lutava contra uma doença misteriosa, crônica e muito dolorosa essas histórias me acompanhavam junto com o som da voz rouca da minha mãe que dizia: sua história está sendo de dor, mas você verá o grande final que ela terá. Na minha cabeça infante pensava em um final digno de heróis, governantes e de realeza. Hoje com 32 anos já aprendi outras histórias bíblicas. Aquelas que a gente tende a pular porque não tem final feliz e nem muito menos pompa. Os heróis da fé que foram cortados ao meio, anônimos, sem nenhum atrativo ou grandes conquistas humanas. Aqueles que simplesmente creram e perseveraram até o fim.
       
          Hoje com 32 anos continuo lutando contra a mesma doença e um monte de mazelas que ela deixou e em meio a uma cirurgia e outra fico esperando o Grand Finale. Me pego ansiando fechar o ciclo, olhar pra trás e dizer: "por isso que eu tinha que passar por tudo que passei", "foi por isso que Deus permitiu", "para cada dia de vergonha, dupla honra", "só eu poderia, com minha história de vida, fazer isso ou aquilo". Aquela certeza de que tanta dor e luta não foram em vão. Contudo, sou uma pessoa comum. Nunca fiz nada de extraordinário. Sou respeitada em minha família e sirvo com muito amor ao povo de Deus, mas minha voz nunca foi ouvida por multidões, nunca escrevi um livro, nunca fiz nada digno de nota. Proclamei as boas novas por onde passei , levei pessoas aos pés do salvador, recebi bênçãos e tive algumas conquistas, mas e o meu Grand Finale? Sei que os exemplos que dei estão ligados a "fama" e destaque, mas me refiro a mais que isso. Não é que eu queira ser importante, como José, Davi e Ester, bem, talvez eu até queira. Quem não gostaria? Mas é que gostaria de olhar pra trás e entender tudo o que eu vivi, o motivo de tanta dor e sofrimento, de chegar lá naquele lugar especial e dizer: valeu a pena passar por tudo.
       
          Bem, tenho entendido que embora Deus proporcione esse lugar para alguns, para outros, Ele afirma que embora tenham recebido um bom testemunho por meio da fé, "no entanto, nenhum deles recebeu o que havia sido prometido" (Hebreus 11:39, 40). Eles morreram e sofreram sem entender direito. Nós, os gentios, precisávamos vir para que eles fossem por meio de nós aperfeiçoados. Nada de Grand Finale para eles. Nada de honra, de títulos, nada de ver o fruto do seu penoso trabalho. Nada de extraordinário. Nada de sentido e senso de significado. Nada de final feliz. Então, não tenho como adivinhar em qual grupo estou, nem tenho como saber o fim da história, mas hoje entendo, eu sei, que de um jeito ou de outro minha vida e, a sua, terá um Grand Finale.
       
          Um dia teremos novos corpos, novo nome, não haverá dor, nem pranto, o veremos face a face e seremos tal e qual Ele é. Independente do que eu passe aqui nessa terra e de como serão meus dias e o fim deles, nunca poderei desfrutar de um fim melhor do que esse, jamais desejaria ter um final mais feliz.