quarta-feira, 29 de junho de 2016

Tu és o Deus que me vê

“Este foi o nome que ela deu ao Senhor que lhe havia falado: ‘Tu és o Deus que me vê’, pois dissera: ‘Teria eu visto Aquele que me vê?’ ”    Gênesis 16:13.

         Esse trecho da Bíblia se refere ao encontro de Agar com Deus. Ela estava grávida, humilhada, sozinha e totalmente desesperada e, apesar de não ser inocente na história, havia algumas variáveis que a levaram até ali. No meio do deserto, sedenta, esperando a morte chegar, teve um encontro que mudaria sua vida para sempre, uma Teofania. O Deus de Israel prometeu a ela cuidado e restauração e Agar O chama de El Rói – “AquEle que me vê”.
         Agar era escrava, não estava acostumada a ser vista, nem a ter a sua vontade considerada. Ela era apenas propriedade de alguém, no entanto o próprio Senhor a contemplava em meio a sequidão e a dor.
Não sei você, mas acho maravilhoso o fato do Criador de todo o universo, o dono de todas as coisas, dignar-se a olhar para mim. Embora eu seja insignificante, um grão de areia em meio a sua perfeita criação, Ele se inclina para ouvir o meu clamor. Graça sobre graça é o que recebemos.
Nesse encontro, não só aprendemos que somos vistos, mas como somos vistos. O olhar de Deus nos traz esperança. Nesse encontro Ele prometeu um futuro para Agar e para seu filho Ismael, prometeu-lhes uma descendência. Assim também faz conosco. Seu olhar é transformaDOR. Muda nossa sorte e nos transforma de dentro para fora. Não nos trata ‘conforme a nossa iniquidade’.
Tenho percebido que a dor e a frustração nos fazem parar de ver, não apenas uma perspectiva, mas também mexe no nosso senso identitário. Nos perdemos de nós mesmos. Os espelhos nos quais antes nos mirávamos somem ou nos apresentam uma imagem distorcida.
Um psicanalista inglês chamado Winnicott nos diz que o ‘Rosto’ materno, o olhar da mãe para o bebê é o que o torna quem é. Nos enxergamos pelo olhar do Outro. Aquele primeiro Outro (a mãe) diz quem eu sou. Interessante, não é?! El Rói quando nos olha, além de nos mostrar quem somos, também nos cura, mudando o que necessita ser mudado.
Seu olhar de amor imenso nos faz crer no impossível e ver o invisível. Nos permite acreditar em quem nós somos quando sua Vida habita em nós, fazendo brotar água viva do nosso interior.
Quando você se sentir como Agar, humilhada, triste, injustiçada, desesperada no deserto, sem saber quem você é ou para onde vai, olhe para cima. Veja aquEle que te vê. Seu olhar sobre você é diferenciado, não importa quem você seja. Ele te ajudará a fazer o caminho de volta, te levará em seus braços aos pastos verdejantes. 
                                                                                                                                                                                                             

2 comentários:

  1. Aninha, tremendo texto. Para mim é sempre um refrigério parar, ler e reler os seus textos. Obg por sempre me edificar.

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