domingo, 22 de janeiro de 2017

Sobre um ano velho e um Deus compensa(DOR)

“Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram para si cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas” Jeremias 2:13.

Esse texto estava na ponta da agulha há muitos dias, mas não conseguia terminar. Me vi paralisada pelo cansaço do ano velho e pela expectativa do ano que se iniciou cheio de surpresas, fadiga e trabalho.
Nessa época do ano é quase impossível não fazermos uma retrospectiva. Sendo sujeitos faltantes, costumamos pensar mais nas dores, do que nas alegrias; nos apertos, do que nos livramentos; nos desprazeres, do que nos prazeres; nos desentendimentos, do que nos atos de amor. Costumamos ver o ponto preto e ignoramos a imensidão da folha branca.
Esperamos que o ano seguinte traga melhores momentos, mais contentamento. Às vezes nos perdemos no obscuro das impossibilidades e buscamos compensações emocionais que nos adoecem. Comemos demais, nos metemos em mais atividades do que podemos dar conta, esperamos muito dos nossos pares. Despejamos nossas carências e aguardamos que algo nos supra, encobrindo nossa dor. Cavamos para nós “cisternas rotas que não retém água”. Esperamos que o marido, os filhos, o trabalho, os prazeres ou a confiança em nós mesmos preencham o vazio do nosso coração. Quando estamos sofrendo, a situação piora. Pensamos que algo ou alguém tem obrigação de atenuar nosso sofrimento. Julgamos merecer alívio.
Nosso Deus nos promete ser para nós e em nós um manancial de água viva. Ele é fonte de conforto, é um Deus compensaDOR e por isso,   apesar das dores que nos sobrevêm Ele nos compensa com outras alegrias: A mãe que luta com seu filho enfermo descobre nos irmãos da igreja amor e suporte; A estéril produz vida ao liberar amor; o que luta pela sobrevivência possui filhos honrados; a esposa que batalha pelo seu casamento acha uma amiga confidente, uma parceira de oração.       
“Ao aceitar sem repulsa as dores da vida, poderemos encontrar o inesperado. Ao convidar Deus para participar de nossas dificuldades fundamentaremos nossa vida – até mesmo seus momentos tristes – em alegria e esperança” (Henri Nouwen em ‘Transforma meu pranto em dança’- Ps: você precisa ler esse livro. É maravilhoso)
Confesso que ainda me sinto paralisada e nem um pouco pronta pra iniciar o ano, mas hoje acordei e fui louvar. Minha vontade era de ficar na cama e empurrar tudo com a barriga, mas fui oferecer “sacrifícios de louvor”. Fui adorar mesmo com a sensação de que não havia nada em mim para dar, mesmo sem vontade, mesmo sem alegria. Aí o louvor fez seu trabalho, ministrou ao meu coração, me fez tirar os olhos de mim e colocá-los no autor e consumador da minha fé. Minha boca se encheu de alegria e fui lamentar. Sim, você não leu errado. Fui LAMENTAR. “Lamentar significa enfrentar o que nos fere na presença daquele que pode nos curar” (Nouwen). Não fui resmungar, não fui desabafar. Fui lamentar. Não fui fazer uso da cisterna. Fui ao manancial. Lá sempre tem água, tem vida, tem poder pra curar e libertar.
Quando me rendo e desisto de me compensar, de buscar satisfação nas coisas e pessoas, me deparo com um Deus compensaDOR. Ele compensou José após seus anos na cadeia, compensou Davi após anos de batalhas, compensou Elias com parceiros de luta após seu período de depressão, compensou Ester, Rute, Noemi e está sempre presente. Deixe que Ele seja teu Deus, deixe que ele compense a sua dor do jeito dele, deixe que Ele jorre rios de águas vivas em seu interior. Nos momentos de angústia, lembre-se: Você tem um Deus compensa(DOR). Olhe em volta e veja o que Ele está fazendo, veja o manancial no deserto e rios no ermo. Veja o que você tem ganhado e não apenas o que tem perdido.