“A
sanguessuga tem duas filhas: Dá e Dá. Estas três coisas nunca se fartam; e com
a quarta, nunca dizem: Basta! A sepultura; a madre estéril; a terra que não se
farta de água; e o fogo; nunca dizem: Basta!” Provérbios 30:15,16.
A
endometriose somada a trombofilia me deixou uma herança: fiquei com sérias dificuldades
em engravidar e em manter a gravidez sem riscos significativos para mim e para
o bebê. O meu futuro está nas mãos de Deus. Ele detém a verdade sobre mim e
nEle está o meu valor, mas hoje no dia das mães, não tive como não pensar no
fato de não ser mãe. Ainda mais porque tenho duas mães incríveis e gostaria de
passar tudo o que recebi.
A
maioria das pessoas quando sabem da minha história tentam me consolar. Contam
sobre milagres, sobre a prima da vizinha que não podia e engravidou, falam
sobre adoção, mas ninguém me diz como não ser mãe. Não posso viver o dia de
hoje esperando ser mãe, mesmo que esse seja meu sonho, preciso existir e
encontrar a paz e a felicidade mesmo antes disso. É fato que a maternidade é
algo incomparável e engrandecedor, mas creio que a sociedade, de uma forma
geral, reduz o seu conceito. Exercer a maternidade é gerar, passar o bastão,
reproduzir valores, tocar uma vida, fazer parte, percorrer o caminho do
altruísmo e do sacrifício. Isso pouco depende do formato.
Embora
não seja mãe, nunca me senti infértil, pois dentro de mim habita A Vida e sou
em potencial uma geradora de vida, uma multiplicadora. O fato é que estou
aprendendo a não ser mãe ou, quem sabe, posso dizer que exercito a maternidade
em seu sentido mais amplo e essencial, mas não pleno, esperando o dia em que talvez
Deus me conceda esse milagre. Como diz o ditado: “Só há uma coisa mais difícil
do que ser mãe, é não ser mãe” e nessa situação, eventualmente, caio na
escuridão das impossibilidades.