terça-feira, 23 de setembro de 2014

30 minutos de nada!




“E, havendo aberto o sétimo selo, fez-se silêncio no céu quase por meia hora. (...) E os sete anjos, que tinham as sete trombetas, prepararam-se para tocá-las.” Ap.8:1,6.

            Conversando com uma amiga me lembrei desse trecho bíblico há muito tempo esquecido. Ela me contava sobre suas frustrações, decepções, desesperança e cansaço. Fiquei me lembrando das tantas vezes que já me senti assim. Para mim, o termo “fase de transição” é um bom nome para esse processo. Essas fases são aqueles momentos que separam um grande evento de outro. É quando estamos transitando de uma realidade para outra. É aquela espera pelo emprego desejado ou até por qualquer um mesmo, após as comemorações da festa de formatura. É aquela espera pelo homem da sua vida, após ter passado por uma série de decepções amorosas. É esperar ver a Igreja indo no caminho certo, após anos e anos de dedicação e trabalho pesado. É esperar ver sua família reconstruída após anos de investimento nela, de oração, tentativas de ordenação e muitas lágrimas.  
Nesse meio tempo, ficamos nos sentindo em um limbo, num vale onde tudo parece vazio, como se o nada, fosse tudo o que temos. Me lembro das muitas vezes em que estive doente. A famosa fase de reabilitação era o pior momento. Nem estava no hospital, nem estava de volta as minhas atividades. Nem estava doente (na fase aguda), nem tão pouco saudável. Tinha que reaprender a andar e toda minha energia precisava ser dedicada a horas e horas de fisioterapia e outros tratamentos. Sentia como se minha vida ficasse paralisada junto com minhas pernas. Como se nada acontecesse pra mim.
Tudo que me restava era uma espera. Muitos minutos de agonia e angustia. Era como se as promessas não fossem se cumprir nunca, como se a caminhada pelo vale nunca fosse terminar. Acho que todo mundo que se sabe humano já passou por isso. Momentos de dor, de dúvida, de descrença, de confusão. Não sabemos pra onde ir simplesmente porque não sabemos onde estamos.
Foi em um desses momentos que li sobre a meia hora de silêncio no céu. Aquela era uma “fase de transição”. Os selos tinham sido abertos e o próximo passo seria o toque das trombetas. Embora cada trombeta represente dor e sofrimento, seu momento é sublime e de grande alegria. Cada toque aproxima o fim. Na verdade, um início. O cumprimento da promessa de que os servos do altíssimo  “Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol, nem calma alguma cairá sobre eles.Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima” (Ap. 7: 16,17). A meia hora de silêncio preparava os anjos para o toque que converteria toda tristeza em alegria, todo pranto em festa, toda morte em vida, todo passado em futuro eterno.
Se tudo parece silencioso, se nada acontece, se tudo parece ruir, espere. Só demorará quase 30 minutos pra o toque da trombeta. 30 minutos para ver face a face o Rei dos Reis. Sei que é duro esperar 30 minutos quando se está com dor, mas vale a pena esperar sabendo que depois disso, você ouvira o doce som da voz do mestre. Meus 30 minutos são na verdade 21 anos, mas um dia para o Senhor é como mil anos e mil anos, como um dia. Espero. Nessa espera, já percorri diversas fases de transição, já ri e já chorei,mas ainda aguardo o toque das trombetas. Até lá, luto o bom combate, tento guardar a fé, percorro a carreira que me está proposta. No fim, é só isso que importa. Nada mais. Sigo esperando com a certeza de que o céu não está ignorando minhas dores, ele está apenas preparando seu exército para irromper minha vida com uma doce canção celestial. Acho que esse versículo é um santo remédio para a ansiedade e a dor. Sem contra-indicação e com bons efeitos colaterais.
Que a sua dor não te deixe desistir de acreditar nessas verdades. Que você aguente firme os seus quase 30 minutos. As trombetas vão soar pra você! Pode esperar!
  

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